O filme é uma adaptação do poema "Natal do Tuberculoso", do poeta Ascânio Lopes, um dos ícones do Movimento Verde de literatura moderna.
O 3º Festival de Cinema de Visconde do
Rio Branco (Fest-Cine Geraldo Santos Pereira) chegou ao fim no último
domingo, 27 de julho e na categoria curta-metragem o vencedor foi
Emanuel Messias Mariquito, cataguasense que dirigiu e produziu "O último
natal", filme de 7 minutos, com edição e arte de Eduardo Henriques,
câmera de Hélio Júnior e trilha sonora de domínio público. Nesse curta, o
ator e também cataguasense, Tarcísio Vória Carvalho, interpreta Ascânio
Lopes perto do seu leito de morte, adentrando-se ao Cemitério São José,
tossindo, escutando o sino da missa do galo e o som dos seus passos,
enquanto declama o seu próprio poema intitulado "Natal do Tuberculoso"
(Leia o poema ao final da matéria).
Na
terça-feira, 29, Emanuel Messias, juntamente com Eduardo Henriques,
Hélio Júnior e amigos, compareceram ao Museu Municipal de Visconde do
Rio Branco, às 15h, para receber a premiação e as congratulações de
membros da Associação dos Amantes do Cinema de Visconde do Rio Branco,
entidade organizadora do Fest-Cine. A reportagem do Site do Marcelo
Lopes foi o único veículo de imprensa de Cataguases a estar presente
naquele evento.
A coordenadora do Festival, Theresinha
de Almeida Pinto, destacou que "esse terceiro festival está sendo muito
gratificante, basta saber que está levantando o interesse das pessoas
desta cidade e da região, e a gente tem esse intuito de trabalhar também
com pessoas da região e, principalmente, com vocês de Cataguases,
porque Cataguases a gente lembra logo de Humberto Mauro e Humberto Mauro
foi o iniciador de tudo. Então é um prazer estar aqui com vocês e
tratando de cinema", disse Theresinha ao Site, ao lado de José Luiz
Lopes Gomes, Jorcelino Batista e Ludmila Oliveira, os quais, assim como
ela, são integrantes da Associação dos Amantes do Cinema de Visconde do
Rio Branco.
De acordo com
Emanuel Messias, a ideia de fazer o filme sobre o poema "Natal do
Tuberculoso" surgiu imediatamente quando ele leu o texto. "O natal é
motivo de alegria para uns e de tristeza para outros, como foi o caso de
Ascânio Lopes naquele dezembro de 1928, quando ele estava no seu leito
já sabendo que era vencido pela doença. Depois da ideia de fazer o filme
pensei logo em chamar o Tarcísio e ele disse assim: que dia, que horas e
com que roupa eu vou?", revelou Emanuel.
Eduardo
Henriques, que assina a parte técnica do curta comentou o filme: "A
intenção foi fazer uma coisa simples que tocasse as pessoas de uma
maneira simples, e fizemos em uma cor sépia para registrar bem aqueles
tempos idos de 1928", acrescentou o editor do curta, acreditando que
talvez essas características tenham contribuído para a decisão dos
jurados. O filme cataguasense ganhou um prêmio de R$2 mil.
Para
Ludmila Oliveira (foto ao lado), a terceira edição do Festival de
Cinema de Visconde do Rio Branco foi surpreendente, principalmente pelo
crescimento do número de participantes e do público presente nas
exibições. Outra novidade importante, segundo ela, foi a realização da
oficina de documentário, ministrada pelo cineasta Eric Leite, de Belo
Horizonte. Ludmila ainda destacou que, além de curta, o festival também
premiou longa, que teve como vencedor "Vidas Separadas", de Luciano
Benhamee, e documentário, conquistado por Jáder Barreto Lima e Rafaella
Pereira de Lima com ‘É o que vale’.
O
3º Fest-Cine Geraldo Santos Pereira foi realizado de 21 a 27 de julho
pela Prefeitura Municipal de Visconde do Rio Branco, através de sua
Secretaria de Cultura e Turismo. O evento contou com apoio da Revista
Atual, bem como do Museu Municipal, e seu principal objetivo é reviver o
cinema no município, despertando na população o gosto por aquela que é
chamada de sétima arte. Para saber um pouco mais sobre o Fest-Cine,
clique aqui: http://www.marcelolopes.jor.br/noticia/detalhe/15818/curta-do-cataguasense-emanoel-messias-e-exibido-no-festival-de-cinema-de-visconde-do-rio-branco. (Fotos: Paulo Victor Rocha)
Natal do Tuberculoso
Eu pensei que Papai Noel passasse por aqui
e pus na janela do quarto
meus sapatos inúetis de doente que não mais andará.
Depois rezei. Uma oração feita por mim,
entrecortada pelo arfar do peito e pela tosse rouca.
Pedi uma morte mansa suave
o coração parando, sem aflição, sem dor.
Lá fora os sinos da Missa do Galo
acompanhando minha morte lenta.
E aqui dentro ninguém... o silêncio... o descanso... o mistério...
Mas Papai Noel passou sem nada me dar.
achou decerto enormes meus sapatos...
Natal do Tuberculoso
Eu pensei que Papai Noel passasse por aqui
e pus na janela do quarto
meus sapatos inúetis de doente que não mais andará.
Depois rezei. Uma oração feita por mim,
entrecortada pelo arfar do peito e pela tosse rouca.
Pedi uma morte mansa suave
o coração parando, sem aflição, sem dor.
Lá fora os sinos da Missa do Galo
acompanhando minha morte lenta.
E aqui dentro ninguém... o silêncio... o descanso... o mistério...
Mas Papai Noel passou sem nada me dar.
achou decerto enormes meus sapatos...
Autor: Paulo Victor Rocha
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