sábado, 30 de outubro de 2010

VISITA AO TÚMULO DE CLARA NUNES


Uma visita ao Túmulo da Cantora CLARA NUNES no Cemitério São João Batista no RJ. Filme completo da Série Túmulos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

VISITA À GRUTA DO ANGICO - PIRANHAS AL

Uma visita ao local onte Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros morreram numa emboscada.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

PARAPENTE

O parapente (paraglider em inglês) é um aeroplano (aeronave mais pesada do que o ar), em cuja asa (inflável e semelhante a um pára-quedas, que não apresenta estrutura rígida) são suspensos por linhas o piloto e possíveis passageiros. Costuma-se denominar paramotor o parapente no qual um motor é empregado para propelir o piloto. O vôo de parapente (conhecido em alguns países como paragliding) é uma modalidade de vôo livre que pode ser praticado tanto para recreação quanto para competição (considerado esporte radical). Pode ser descrito como um híbrido entre a asa delta e o pára-quedas. Diferentemente do pára-quedas, o parapente oferece um vôo dinâmico, onde o piloto pode controlar sua ascendência e direção, dependendo das condições meteorológicas como velocidade do vento.
Em Fevereiro de 2010, estive no Alto da Boa Vista, na Pedra Bonita e fiz esse pequeno vídeo.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

NAS MATINÊS DO CINEMA DO NELO



Em meados da década de sessenta, ainda não sabíamos que aquela engenhoca de produzir imagens em movimento fora inventada pelos irmãos Lumière e que o primeiro filme, rodado num café em Paris, tinha apenas cinqüenta segundos. Ignorávamos também que a película era composta de uma só cena, com tomada em câmera estática, focada na chegada de um trem numa estação. A platéia, composta de trinta pessoas, saiu em pânico do café, aos empurrões, sob a impressão de que a locomotiva e seus vagões viriam deliberados na direção de todos. Almas ingênuas do final do século dezenove.
Nas matinês do cinema do Nelo chegamos a pensar que as imagens que tomavam nossas retinas eram reais, engendradas atrás da própria tela. A mecânica da Sétima Arte nos era desconhecida e grandiosa demais para aquelas pequenas vidas que freqüentavam a sala. Só muito depois, viemos a compreender que o foco de luz, passando sobre nossas cabeças, materializava no grande pano branco as aventuras que ocupavam o nosso imaginário. Somávamos entre dez e doze anos de idade. Tínhamos ainda muito que aprender.
Os dias que antecediam aquelas sessões de domingo nos enchiam de ansiedade, já que no programa estava incluída a intensa troca de revistas em quadrinhos. Ali, na porta do cinema, no burburinho de gente conferindo o filme em cartaz, comprando ingressos ou prostrados na fila de entrada, trocávamos a avareza do Tio Patinhas pela vagabundagem de seu sobrinho Pato Donald; a sorte do Gastão pelas atrapalhadas do desengonçado Pateta; a seriedade do Mickey pelas molecagens do Huguinho-Zezinho-Luizinho. As revistas dos mitológicos heróis gregos e romanos eram mais raras, difíceis e valorizadas; Hércules sempre foi o favorito. O mascarado Cavaleiro Negro, em preto e branco, era fácil de ser encontrado em nossos braços-colecionadores. Nunca saíam de moda as histórias do Clube do Bolinha e da feminista Luluzinha. Faziam a nossa cabeça as façanhas do preguiçoso e enrascado Recruta Zero, que tinha no seu encalço o Sargento Tainha. Um mundo lúdico, divertido e sedutor.
Hora de entrar. Os que tinham dinheiro para o ingresso iam á frente e, os que não, aguardavam o Seo Nelo, o dono da Casa, para negociar uma diferença. Os duros esperavam pacientes pela sua benevolência que, invariavelmente, vinha, nem que fosse trinta ou quarenta minutos após o início da sessão. Aí, entravam de graça, mas saíam frustrados, com um sentimento de fracasso, insatisfeita vontade. Já os lisos, porém, mais destemidos varavam, vencendo, heroicamente, o portão de uma fábrica de macarrão, um muro interno que divisava a empresa com o cinema e um corredor livre de mais ou menos vinte metros. Isso tudo exigia muita velocidade nas canelas! Depois de abrir, o mínimo possível, a porta lateral, os intrépidos moleques consumavam a transgressão, entrando exatamente pelo local onde existia um aviso luminoso de Saída. Do fosso da orquestra surgiam também algumas cabeças, denunciadas pelas furtivas passagens diante da placa É proibido Fumar, que ficava bem à frente da tela, sob os nossos olhos.
Ao atravessarmos a grande cortina preta, que nos separava do mundo real, dávamos com a escuridão e uma lufada de vento frio no rosto. Estonteados e cegos pela quase completa falta de luz no ambiente, tateávamos o corrimão da escada que dava na parte de cima, onde também ficava a sala de projeção. Já com a visão relativamente restabelecida, procurávamos pedaços de fitas sob as cadeiras. Não sabíamos porque aqueles fragmentos de fotogramas eram ali jogados. Não questionávamos, até porque só nos movia a esperança de encontrar, nos negativos, imagens de heróis e da nudez feminina, cuja exposição nos era negada nos Censura Livre.
Com o sexo já pululando na cabeça, ficávamos de olhos atentos nos traillers. Havia a possibilidade de aparecer algumas parcas e fugazes cenas eróticas dos filmes que seriam exibidos nas sessões noturnas. A trigal Brigitte Barbot(E Deus criou a mulher) aparecia de vez em quando e alimentava nossa libido, fazia-nos escravos, submetia-nos. Sua imagem viria a compor o baú de segredos que utilizávamos em furtivas intimidades pelo quintal e cantos da casa.
Interessante. De corpo e alma tomado pela ingenuidade e envolvido até o pescoço com o enredo do filme, me indignei muitas vezes com um moleque provocante que torcia pelos índios. Ele, inteligente e perspicaz, já havia percebido que os selvagens venciam as lutas durante o desenrolar da história. Mas, capcioso, saía momentos antes do término da fita, quando a cavalaria virava o jogo e começava a bater. Saía sim, mas sob protesto e vaias da claque dos defensores da justiça e da honradez.
Naquela época, éramos coração e meninice. Não conseguimos entender um milímetro do O Anunciador, o Homem das Tormentas, de Paulo Martins, com Carlos Moura e seus comparsas. Desconhecíamos também Humberto Mauro, Pedro Comello ou Eva Nill e não mensurávamos o valor de Cataguases como uma das primeiras cidades a produzir filmes no Brasil. Lembro-me, porém, de ter ficado muito tempo parado no corredor da entrada, impressionado com o lúgubre cartaz que mostrava um homem carregando a cruz de Cristo sobre as costas. Nada a ver com o Mártir de Gólgota que, aliás, a cada ano assistíamos menor... Na verdade, nossa preferência e vibração eram pelos dos filmes de aventura: Maciste, O magnífico Tarzan, Sansão e Dalila, O Homem que matou o facínora, Sete homens e um destino, entre outros. As musas eram Gina Lollobrigida, Rosana Podestá, Kim Novak, Liz Taylor e a divina Sofia Loren que, mesmo quando insinuava a inocência da mulher romana, trajava vestidos provocantes que expunham boa parte das suas coxas e fartos seios. Um verdadeiro banquete.
Uma vez por ano, ríamos muito do jeito engraçado do Mazaropi, representando a jequice e também o atraso do brasileiro, enquanto povo, vim a compreender. Não víamos muita graça no Oscarito, nas chanchadas da Atlântida.
A nossa inquietude irritava muito o dono do cinema que chegou, muitas vezes, a interromper a exibição do filme. Os morcegos que ali habitavam também sofriam com os agudos gritos e assovios da inquieta platéia. Como resposta à perturbação da paz, os orelhudos, como se estivessem brotando no alto da tela, desciam velozes e passavam rasantes sobre nós. A performance daqueles possíveis hematófagos já nos dava a idéia do que seria um filme de terror. Era, nas matinês do cinema do Nelo, um espetáculo à parte.
No acender das luzes dos anos setenta, chegou a pornochanchada e se foi a nossa infância. De olho no resultado do caixa, Seo Nelo passou a permitir que assistíssemos aqueles filmes noturnos, apesar do Censura 18 anos. Nesse tempo, já vislumbrávamos a Praça Rui Barbosa e suas meninas, como possibilidades de construção da felicidade. Deixamos de lado as revistas e as matinês, sessões que vieram a não acontecer muito pouco tempo depois...por falta de público. Com o advento do vídeo cassete, o próprio Cine-Machado veio a fechar as portas.
Numa mesa de cerveja, já no final da década de setenta vim a conhecer o menino ardiloso que torcia pelos índios. Era ainda estudante universitário em Viçosa. Hoje tenho esse despropositado parceiro de malfeitores no rol de meus melhores amigos. Ele é Tarcísio Lima e contribui para a ciência do planeta como pesquisador e orientador de cursos de pós-graduação na Universidade Federal de Lavras. Já naquele tempo sabia quem eram os verdadeiros bandidos, estava à frente do seu tempo.
Para finalizar, uma constatação pessoal: era comum ocorrer cortes nas seqüências mais importantes dos filmes, decorrentes do mal estado de conservação do rolo da fita. Quando isso acontecia era um estrugir geral de gritos de revolta na platéia. No entanto, mal sabiam os dignos e revoltados cinéfilos, que as melhores cenas, deles roubadas, eu as tinha guardadas no bolso de minha calça curta. The End.

Vanderley Pequeno