sexta-feira, 20 de março de 2020

MINHA BABÁ IMACULADA


Estava dando uns “bordejos pela aí”, quando de repente encontrei com Imaculada.
Ela foi minha Babá nos anos sessenta;
Foi ela que, embora ainda adolescente, com seus quatorze, quinze anos, me corrigia os defeitos que toda criança apronta no dia-a-dia, enquanto minha mãe buscava no trabalho, dias melhores para me oferecer;
Foi ela que, enquanto minha mãe tocava um tear nas Indústrias dos Peixotos, me levava de calças curtas e com a merendeira do lado, para eu aprender o bê-a-bá no Grupo Cel. Vieira;
Foi ela que, corria atrás de mim na Pracinha do Dr. Lydio, ainda de terra, para me pegar, me dar banho, e me levar para a esquina todo limpinho e cheiroso para ir ao encontro de minha mãe, que chegava com o suor no rosto, trazendo a luta de mais um dia de trabalho;
Foi ela que com o seu pouco salário que recebia de minha mãe, ainda me oferecia balas e doces... foi ela e sempre será esta mulher que de certa forma me deu também carinho, atenção e me fez crescer.
Hoje fiquei emocionado ao ouvir dela boas lembranças daquele tempo. Quase sem palavras para descrever. Aquela mulher parece ainda a mesma ao falar dos meus “amiguinhos” de infância citando nome do Nilsinho, Neneco, Nem “Bodinho”, Manoel Codorna e Allan.  Falar ainda dos barquinhos de papel, do carrinho de rolimã, do jogo de varetas e das atiradeiras.
Nesses dias tão remotos e indecisos, não pude abraça-la e beijá-la, mas saiba que guardei em meu coração este abraço e este beijo ainda mais forte. Fiquei feliz em te ver Imaculada, pois há quanto tempo eu esperava por isso.