sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ESSE É O ADALBERTO QUE EU CONHECI

18/12/1971 # 21/12/2012
... Nunca mais Popó, nunca mais Popola. Assim era a maneira delicada dele chamar minha filha Ana Paula, a qual ele viu nascer.
Adalberto era fã do Pink Floyd, fã do Genesis, entre outros da mesma linha, mas me dizia que gostava mesmo era do Grupo Aero, o que me orgulhava muito, pois via nos seus olhos uma sinceridade, o que lhe rendeu um convite para ir no último show do Grupo Aero no Clube do Remo junto com a Maria Alcina e não teve no salão quem não notasse a presença dele na maior felicidade.
Conheci o Betinho (assim como era chamado) há uns vinte anos, quando eu mudei para a Rua José Duarte. Ele gostava de um papo, mesmo que fosse furado. Gostava de relembrar a Vila do final dos anos setenta e anos oitenta. Falava da “malandragem”, etc. Sabia de tudo e tinha uma super memória em relembrar fatos da cidade e mesmo eu sendo 13 anos mais velho que ele, não lembrava de muitas das coisas que ele falava. Nossa conversa sempre acontecia na calçada de minha casa, que era em frente a casa dele.

Quero guardar as lembranças do Adalberto na varanda de sua casa, no primeiro andar com a sua cervejinha do lado, regado de um belo fundo musical. Ele era franco, não escondia o que queria falar. Falava na cara e que doesse a quem doer ele não se importava. Ai daquele motorista que por ventura cruzasse a José Duarte acima do limite... Ia ouvir muito xingatório. Isto cansamos de presenciar.
No dia em que mudei da Rua José Duarte, fui até a ele para me despedir. Ele chorava copiosamente, não queria acreditar naquilo que estava se passando. Ele então chegou perto de minha mãe (que era a sua confidente fiel de todos os dias) e cabisbaixo lhe deu uma fotografia. Não teve a coragem de encarar, olhar nos olhos daquela senhora que estava também mudando e saiu emocionado, sem se despedir, em direção ao fim da rua que dá destino ao Ribeirão do Meia-Pataca..
Deste dia pra cá, não vi mais o Betinho, aquele rapaz que sempre me falava: Qualquer coisa conta comigo, pois você é meu amigo.
É Adalberto, o mundo nosso aqui não acabou e o dia vinte e um de dezembro de dois mil e doze já está acabando. Infelizmente eles ainda não descobriram o remédio do infarto fulminante.
Fique com Deus.
Por Emanuel Messias.
Sepultamento hoje, às 17:30h Cataguases MG


Nenhum comentário:

Postar um comentário